Escrito das "antigas"...

Algo que escrevi a algum tempo e que senti vontade de publicar aqui...

Teatro da “desesperança” (ou A fazenda de formigas)

Deus existe?
Quem garante?
A bíblia dos homens?
Ou as palavras dos déspotas inquisidores?
E se Ele é tão perfeito
Por que quer ser tão adorado?
Não seria a humildade uma virtude?

Num mundo de bestas vivo...
Tudo tão vil e doente...

Vejo um ser antropofágico...
Talvez este o melhor retrato do homem.
E lá do alto Ele assiste a tudo
Como nós assistimos a uma telenovela
E talvez até ria de nossa medíocre atuação.

Seres insanos mortais
À espera de redenção.
Que ninguém de fato sabe se é real...
O que temos é só a certeza do fim...
Da carne pútrida debaixo do solo
Da agonia até chegar o último dia
Ao som de rifles e metralhadoras
Banhados por armas químicas
Enquanto se derrama o sangue
Não raramente pueril...
Não raramente inocente...

Adagas estão cravejadas em meu peito...
Não consigo me mover...
Mas mover-me para onde
nesse labirinto tão obscuro?
E então sem rumo eu sigo...
E onde está Ele para me mostrar o caminho?
Talvez esteja apreciando seus templos
Tão estupendos e ornados a ouro
Que lhe é provido pela exploração do homem.
Talvez ainda esteja no seu trono majestoso
Olhando de soslaio as travessuras de seus fantoches medíocres

E eu que não creio em tudo
Sinto a desesperança tomar conta de mim
Apontando-me rumo ao abismo
(Lugar comum a quem está perdido)
Tentando desfazer-me da confusão
Tentando simplesmente morrer
Sem nenhuma espera de salvação.



Teatro da “desesperança” (ou A fazenda de formigas)
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